segunda-feira, 18 de julho de 2011

General Lin



O psicólogo israelense George Tamarin fez um interessante experimento com crianças educadas em famílias de formação religiosa inspirada no deus bíblico. Taramin pegou duas turmas e aplicou dois textos a cada grupo. À primeira turma, ele passou o relato da conquista de uma cidade chinesa, há cerca de três mil anos, parecido com o texto abaixo:


O exército do grande General Lin tomou a cidade e tudo quanto havia nela destruiu totalmente ao fio da espada: homens, mulheres, crianças, velhos, e até mesmo bois, ovelhas e jumentos. O general, porém, disse aos dois homens que tinham espionado aquela terra: “Entrem na casa da prostituta, e tirem-na de lá com tudo o que tiver, assim como vocês lhe prometeram.” Então, os espiões entraram e tiraram a mulher, seu pai, sua mãe e seus irmãos, e tudo o que tinha; tiraram também todos os seus outros parentes e os colocaram num lugar além do acampamento do exército do general. Então, queimaram a fogo a cidade e tudo o que havia nela; apenas a prata e o ouro, e os vasos de metal e de ferro, deram para o tesouro da casa dos antigos deuses chineses. O general poupou a vida da prostituta e de sua família, deixando-os viver em suas terras conquistadas para sempre, porque ela havia escondido os espiões enviados por ele para observar a cidade. Por fim, o general fez a seguinte ameaça: “Maldito seja diante dos deuses aquele que se levantar e reedificar esta cidade; os primeiros fundamentos que lançar já lhe custará a vida de seu primeiro filho, e será à custa do último de seus filhos que erguerá os seus portões!” E dessa maneira ajudavam os deuses ao General Lin, enquanto sua fama corria por toda a antiga China.
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Em seguida, Tamarin propôs aos alunos a seguinte pergunta, para a qual deveriam entregar-lhe uma resposta discursiva, justificando sua posição:
Você aprova ou não os atos do General Lin e seus homens? Das 168 crianças que leram o texto acima, apenas 7%concordou com o massacre, 18% concordou em parte, e uma maioria esmagadora — 75% — reprovou completamente o genocídio perpetrado pelo Gen. Lin e seus homens. Acho que a maioria de nós também teria esta opinião, não é mesmo?.
Porém, o dado curioso aqui é que o texto não passou de uma pegadinha. Nunca houve um General Lin. Na verdade, a narrativa acima é exatamente o relato da tomada de Jericó por Josué e seus homens, tal como contada no capítulo 6 do
Livro de Josué, apenas trocando-se o nome Josué por Gen. Lin e omitindo-se o nome de Jericó, sugerindo, em substituição, uma antiga cidade chinesa. Ao mesmo tempo, a fim de fazer a devida análise dos dados obtidos, Tamarin passou para o segundo grupo de alunos o texto original, extraído da Bíblia, descrevendo as mesmas barbaridades, porém, agora perpetradas por “homens de Deus”. Para a pergunta de Tamarin, os resultados foram bem diferentes, em face deste outro relato: 68% aprovou completamente o massacre; 8% aprovou em parte, e 26% manifestou total reprovação..
O mais curioso, contudo, foi que tanto os que aprovaram quanto os que reprovaram o genocídio justificaram suas respostas usando o argumento de que o extermínio condizia ou não condizia com a visão religiosa que cada um tinha da vontade de seu deus, em vez de pautarem-se por suas convicções morais humanas. Além disso, em algumas dessas respostas negativas, essa discordância de visão se devia ao fato de que alunos que reprovaram a ação de Josué acharam que ele errou tão-somente porque destruiu os bens, em vez de tomá-los e distribuí-los entre os israelitas, ao passo que uma aluna defendeu sua reprovação dos atos de Josué, fundamentando-se na afirmação religioso-racista de que, uma vez que árabes são sempre povos impuros e amaldiçoados, ao entrarem na cidade, os israelitas tornaram-se impuros e amaldiçoados também, pelo contato com o ambiente onde aquele povo vivia.



Autor:conhece-te a ti mesmo e in a nutshell






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